Análise da Presença e Descrição de Aditivos Alimentares em Alimentos Ofertados a Crianças

por Lidiana Santana Silva

RESUMO

 A pesquisa teve como objetivo analisar a presença de aditivos alimentares em alimentos oferecidos a crianças. Trata-se de um estudo de corte transversal descritivo, em que foram selecionados alimentos comumente oferecidos a crianças a partir dos 6 meses, foram selecionados 7 grupos alimentares. Os dados foram coletados por meio da análise dos rótulos, foi feita analise da lista de ingredientes e informações presentes nos rótulos, usando Parâmetros estabelecidos pela legislação nacional as (RDC Nº 259/2002 e RDC de Nº 540/1997 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Diante do exposto, observaram-se a presença de aditivos em alimentos oferecidos as crianças, com maior prevalecia para os aromatizantes e emulsificantes. seu uso pode causar prejuízo a saúde infantil. Causando consequências como: reações de hipersensibilidade como: urticária, asma, náusea, anafilaxia, vômitos, dermatite, dor de cabeça reações de irritabilidade e narcóticas, o que pode  levar a um retardo de crescimento infantil. Faz se necessário ações de educação alimentar para incentivar a redução do consumo de alimentos contendo aditivos alimentares.

Palavras chaves: Aditivo alimentar, alimentos processados, toxidade

INTRODUÇÃO

Aditivos Alimentares são conceituados como qualquer ingrediente de uso intencional utilizado na fabricação de alimentos com a intenção de fornecer uma maior durabilidade e qualidade aos produtos. BRASIL(1) são amplamente utilizados pela indústria alimentícia com o objetivo de conferir cor, sabor, durabilidade e aroma a alimentos durante a sua fabricação ou processamento. Dentre as principais classes de aditivos alimentares termos: aromatizantes, corantes, emulsificantes, antioxidantes, entre outros. SÁ; MINISTÉRIO DA SAÚDE; BRASIL (1–3)

O crescente consumo de alimentos industrializados tem influenciado na alimentação das crianças, que passaram a consumi-los de forma precoce. A ingestão acentuada de alimentos industrializados por esse público pode gerar um acentuado consumo de aditivos alimentares, uma vez que as proporções destas substâncias em relação ao peso corporal infantil é maior, se comparado com adultos. Além disso, a imaturidade do sistema fisiológico para metabolização e excreção desses produtos faz com que uma ingestão excessiva de alimentos que contém aditivo seja um risco para a saúde infantil. Podendo causar processo alérgicos, déficit de atenção, hiperatividade. TOLONI; BRASIL; POLÔNIO; FEREIRA.(4–7)

um estudo recente realizado por Silva e colaboradores(8) que analisou 51 rótulos de alimentos ultraprocessados agrupados em doces, salgados e bebidas industrializadas apontou que 100% dos alimentos analisados continham aditivos alimentares, sendo os principais aromatizantes, corantes e acidulantes em 97%, 67% e 57% dos rótulos analisados, respectivamente. O mesmo autor traz que tais aditivos estão relacionados aos processos alérgicos, além de urticária, angioderma (inchaço que ocorre nas camadas mais profundas da pele causadas pelo extravasamento de líquido dos vasos sanguíneos), broncosespasmo, choque, Transtorno do Déficit de Atenção, Hiperatividade e retardo do crescimento infantil.

 Diante da problemática exposta, levando em consideração os possíveis danos causados pelos aditivos alimentares na saúde das crianças, este trabalho teve como objetivo analisar a presença de aditivos alimentares em alimentos oferecidos a crianças menores de dois anos. 

METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo de natureza descritiva de corte transversal. A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2020. 

Foram selecionados produtos destinados ao público infantil. Como critério de inclusão foi incluído no estudo alimentos comumente ofertados a crianças a partir dos 6 meses de idade, como critério foram excluídos guloseimas como gomas, chicletes e doces ultraprocessados pois entende-se que embora sejam consumidos por crianças,  não contribui agregando valor nutricional.

 A princípio realizou-se levantamento dos produtos disponíveis para crianças em dois supermercados. Logo após foi selecionados os produtos e marca que fariam parte do estudo. Em seguida foram analisadas a lista de ingredientes e informações dos rótulos, observando a presença de aditivos alimentares e classificando-os de acordo com suas categorias. Para parâmetro de avaliação foram utilizadas as (RDC de nº 259/2002 e RDC de nº 540/1997 da ANVISA).  

Para análise descritiva dos dados foi usado o programa Statistical Package for the Social Sciences – pacote estatístico para as ciências sociais (SPSS) versão 21.0. Os dados encontrados foram organizados e agrupados em gráficos e tabelas contendo a percentual em freqüência relativa, os resultados encontrados foram organizados em tabelas.

RESULTADOS 

Foram analisados 7 grupos alimentares diferentes, divididos em: Biscoitos recheados, farinha lactas, achocolatado líquido, fórmulas de segmentos, iogurte, néctares e achocolatado em pó, dentre os 7 grupos foram analisadas 22 marcas, totalizando 29 rótulos. Com relação a presença de aditivos alimentares, apenas 2 marcas de farináceos minimamente processados não apresentaram descrição de aditivos alimentares, e o todos os outros produtos de todos os grupos analisados pelo menos um tipo de aditivo no rótulo. 

Os aditivos alimentares aparecem, obrigatoriamente, na lista de ingredientes, por ordem decrescente de quantidade. Se eles aparecem no meio da lista, antes de algum ingrediente, significa que este aditivo está contido em quantidade superior à do ingrediente em questão.

Em relação a declaração do nome dos aditivos, todos os grupos apresentaram declaração do nome. Já para declaração das funções dos aditivos alimentares, todos os grupos declaravam as funções dos aditivos alimentares, assim como também declaravam as funções dos aromatizantes.

  Em alguns alimentos foram encontrados uma mistura em pó de ingredientes, a qual não especificava qual tipo de aditivo alimentar presente, impossibilitando ao consumidor saber a qual categoria de aditivo pertence Mediante análise ficou evidenciado que nenhum grupo alimentar está em total conformidade com as normativas da ANVISA, como mostra a tabela 1. 

Quanto à categoria de aditivos alimentares nos alimentos, foram identificadas 12 classes diferentes de aditivos entre os sete grupos alimentares analisados. Os mais prevalentes foram os aditivos das classes dos aromatizantes e emulsificantes, como mostra tabela 2.

DISCUSSÃO 

Os dados obtidos no presente estudo revelaram que todos grupos alimentícios analisados apresentavam aditivos alimentares na sua composição. Foi encontrado um total de 12 classes diferentes, destacando-se os aromatizantes e emulsificantes. Em um estudo realizado por Santos e colaboradores(9) foram observados resultados semelhantes ao do presente estudo, indicando a presença de aditivos alimentares em todos os alimentos avaliados, e os aromatizantes e emulsificantes estavam entre um dos mais encontrados.

Em relação aos impactos desses aditivos na saúde das crianças, Ferreira(7) traz em seu estudo que o público infantil é o mais afetado pelos problemas de saúde ocasionados pelo uso de aditivos. Trazendo consequências como reações de hipersensibilidade, urticária, asma, náusea, anafilaxia, vômitos, dermatite, dor de cabeça reações de irritabilidade e narcóticas, o que pode levar a um retardo de crescimento infantil, e câncer se houver exposição exacerbada e crônica.

 Os aromatizantes podem ser classificados em naturais ou sintéticos, sendo conferindo sabor ou aroma ao alimento Brasil(10). Observou- se na pesquisa que todos os grupos apresentavam a declaração da função dos aromatizantes como preconiza a ANVISA. A identificação da função possibilita saber os possíveis riscos causados pelo seu consumo a saúde, e pode auxiliar na escolha dos alimentos. No trabalho realizado por Silva e colaboradores(8), Ele traz que o consumo desse aditivo sem sua classificação gera grande preocupação, logo que impossibilitar identificar saber os possíveis efeitos gerados ao os publico infantil. Santos e colaboradores(9) afirmam ainda que as informações corretas presentes nos rótulos auxiliem na hora da compra, especialmente para os produtos destinados ao publico infantil publico infantil. 

Com relação a declaração da origem dos aromatizantes apenas o grupo dos néctares apresentava a declaração da função. No trabalho de Pereira e colaboradores(11) que teve como objetivo avaliar a prevalência de aditivos em quatro categorias de alimentos, dentre elas biscoitos. Foi possível concluir que os aromatizantes não declaravam sua origem (natural ou sintético).

Outro aditivo que merece destaque é a classe dos corantes, que tem a função de conferir cor ao alimento e pode ser classificado em natural ou sintético. Existem estudos associando seu uso a consequências na saúde. Segundo Honorato e colaboradores(12) os corantes artificiais têm chamado atenção sobre seus efeitos tóxico eles podem estar relacionados com alergias, rinite, broncoconstrição, hiperatividade, danos cromossômicos, tumores etc. 

Com relação às adequações de apresentação dos aditivos alimentares nos rótulos das embalagens, de acordo com as normas da ANVISA, foi observado que apesar de a maior parte das marcas analisadas declararem os aditivos alimentares na lista de ingredientes, não há em todas elas as especificações dos aditivos, mas apenas a descrição denominando“mistura em pó.”, contribuindo para a desinformação do consumidor quanto aos aditivos alimentares utilizados na fabricação do alimento.

CONCLUSÕES 

 Conclui-se que os aditivos alimentares estão presentes em alimentos ofertados a crianças, tendo como mais prevalentes os aromatizantes e emulsificantes. Seu uso pode trazer prejuízo a saúde infantil, causando consequências: reações de hipersensibilidade, urticária, asma, náusea, anafilaxia, vômitos, dermatite, dor de cabeça reações de irritabilidade e narcóticas retardo de crescimento infantil. 

Sendo assim faz se necessárias ações de educação alimentar para incentivar a redução do consumo desses alimentos contendo aditivos alimentares.

REFERÊNCIAS  

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC n° 19  de 30 de abril de 1999. Este texto não substitui o(s) publicado(s) em Diário Oficial da União. Diário Of [da República Fed do Bras. 1999;1998(Dispõe sobre o regulamento de procedimentos para registro de alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem):1–4. 
  2. Sá P, Ferreira FA, Nova RDV, Mourão TV, Andrade VLÂ, Rückl S. Uso abusivo de aditivos alimentares e transtornos de comportamento: há uma relação? Int J Nutrology. 2016;09(02):209–15. 
  3. Brasil. Guia Alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Secr Atenção Primária à Saude, Dep Promoção da Saúde. 2019;256. 
  4. Toloni MH de A, Longo-Silva G, Konstantyner T, Taddei JA de AC. Consumo de alimentos industrializados por lactentes matriculados em creches. Rev Paul Pediatr. 2014;32(1):37–43. 
  5. Brasil. Alimentação saudável e sustentável. Curso técnico formação para os funcionários da Educ. 2007;92. 
  6. Polônio MLT. Percepção de mães quanto aos riscos à saúde de seus filhos em relação ao consumo de aditivos alimentares: o caso dos pré-escolares do Município de Mesquita, RJ. 2010;138. Available from: http://bvssp.icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=2363
  7. Ferreira S, Graduada N, Federal U. ADITIVOS ALIMENTARES E SUAS REAÇÕES ADVERSAS NO CONSUMO. 2015;397–407. 
  8. Silva NB, Magna V, Ibiapina DFN, Bezerra CB. Aditivos químicos em alimentos ultraprocessados e os riscos à saúde infantil Chemical additives in ultraprocessed foods and the risks to child health Aditivos químicos en alimentos ultraprocesados y los riesgos para la salud infantil. Rev eletrônica acervo saúde [Internet]. 2019;Sup.21:1–9. Available from: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/542/321
  9. Ao D, Infantil P. Revista Brasileira de Obesidade , Nutrição e Emagrecimento. 2019;1016–22. 
  10. Agência Nacional de Vigilância Sanitária A. Resolução de Diretoria Colegiada – RDC no 05 de 15 de Janeiro de 2007. Diário Of da União – DOU. 2007;1–11. 
  11. Pereira LFS, Louise M, Inácio C, Pereira RC, Angelis-pereira MC De. Prevalência de Aditivos em Alimentos Industrializados Comercializados em uma Cidade do Sul de Minas Gerais Prevalence of Additives in Processed Food Marketed in a South City of Minas Gerais. 2015; 

12. Honorato TC, Batista E, Pires T. Aditivos alimentares : aplicações e toxicologia Food additives : applications and toxicology. 2013;1–11.

Informações sobre o trabalho

Ano de conclusão: 2020

Lidiana Santana Silva

Graduanda em Nutrição- Faculdade de Tecnologia e Ciências

contato: lidisilva33@hotmail.com

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